sábado, março 04, 2006

Menos gente e mais tecnologia

Bolsa de Nova York une-se a mercado eletrônico e mira nos negócios virtuais.
É o fim do viva-voz?

Será como um recomeço para a Bolsa de Nova York. Aos 213 anos. Nesta quarta-feira, 8 de março, o maior mercado de ações do mundo passa a operar em conjunto com o pregão eletrônico Archipelago, resultado de uma fusão de US$ 9 bilhões, que se arrastou por quase um ano até ser fechada no último dia de fevereiro. Em jogo, está a modernização da tradicional bolsa de Wall Street, que – por ter se limitado ao sistema de viva-voz em plena era da internet –vinha perdendo terreno e prestígio para rivais eletrônicas como a Nasdaq. O projeto de renovação transforma o pregão nova-iorquino em uma empresa de capital aberto, que passa a se chamar New York Stock Exchange Group e terá ações negociadas na própria bolsa. “A fusão marca o início de uma nova era para a New York Stock Exchance (NYSE)”, declarou o presidente da bolsa, John Thain. “Como uma empresa de capital aberto, estaremos melhor posicionados para crescer, criar valor e competir globalmente.” Thain não desconversa quando o assunto são aquisições. “Vamos usar a nova musculatura para sair às compras, dentro ou fora dos Estados Unidos.” O mercado já faz sua aposta sobre o primeiro alvo: Bolsa de Londres.

O efeito prático da fusão será sentido já na quarta-feira, quando as ações das 2.767 companhias listadas na NYSE começarão a ser negociadas eletronicamente. O ganho de agilidade será notável. Enquanto uma ordem (de compra ou venda) feita por meio de uma plataforma eletrônica como a do Archipelago demora menos de um segundo para ser executada, um operador de pregão precisa de pelo menos 12 segundos para concretizá-la – tempo suficiente para se ganhar ou perder milhões em um mercado globalizado, que opera contra o relógio. Além disso, a bolsa poderá funcionar durante as 24 horas do dia. E terá capacidade para oferecer outros serviços, como negociação de opções e derivativos. Na visão de Thain, a nova Bolsa de Nova York será uma espécie de loja de conveniência, onde investidores poderão comprar ações do mundo todo, futuros, fundos e bônus. Desse modo, desafiará até a Bolsa de Mercadorias de Chicago.

Publicado na Isto É Dinheiro de 04-03

Fim da linha para os operadores de pregão? Ex-presidente e diretor de tecnologia do Goldman Sachs, Thain criou um sistema híbrido para a bolsa. Investidores que quiserem suas ações negociadas por profissionais, calculando que eles conseguirão melhores preços, poderão empregá-los normalmente. E aqueles que valorizam a velocidade poderão teclar ordens para os supercomputadores do Archipelago. A comunidade dos operadores sustenta que seus negócios vão melhorar com o esperado aumento do volume de transações. Muitos observadores, porém, acreditam que o chamado pregão viva-voz vai se tornar obsoleto e desaparecer. Foi assim no Brasil. Na Bovespa, o sistema eletrônico existe desde 1990, mas só em dezembro último passou a ser a única opção. “A mudança não vai ser imediata, mas a migração vai acontecer”, aposta Rodrigo Donato, gestor sênior da Mellon Global Investment.

O que esta bolsa tem

2.317 empresas americanas com ações listadas

450 companhias de outros 47 países

1,6 bilhão de papéis negociados diariamente

49% de participação de mercado

US$ 40,8 milhões de lucro em 2005

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