Do BLOG de MÍriam Leitão
Nesta quinta-feira o mercado deve abrir bem melhor do que na quarta. As indicações para a abertura são de bolsa em recuperação, risco e dólar em queda, melhorando sensivelmente o quadro depois de uma quarta em que o dólar bateu a maior cotação do ano. Mas houve um retrocesso no Brasil num ponto em que o país vinha progredindo bastante: o alongamento da dívida. Como em qualquer outra crise, o stress acabou batendo no mercado de dívida pública.
O custo para ter uma quinta-feira mais tranqüila foi a decisão do Tesouro de recuar um pouco em relação a um projeto que vinha tocando com bastante sucesso: o projeto de mudar a dívida pública, vendendo mais títulos de longo prazo e corrigidos por índices de preços, e retirando lentamente o total de dívida em LFT. Papéis longos e corrigidos pela inflação dariam previbilidade ao país e menor custo para o Tesouro. As LFTs garantem o lucro do mercado em momentos de incerteza e custam caro para o governo. As LFTs são corrigidas pela selic diária. Se os juros subirem, melhor para o mercado.
Uma entrevista do secretário do Tesouro Carlos Kawall, na tarde da quarta, ajudou a acalmar os investidores preocupados em perder muito dinheiro com a dívida pública indexada em índices de preços. Principalmente investidor externo que, diante da turbulência, tentou vender o papel que havia comprado e descobriu que não havia mercado secundário. A pressão foi grande, o Tesouro recomprou uma parte dos títulos que venceriam só em 2045 e Kawall avisou que venderá a cômoda LFT.
Kawall me disse que vender LFT e recomprar NTN de 2045 não é o que gostaria de estar fazendo. Pelo contrário, o plano era continuar alongando a dívida e saindo dos papéis pós fixados, como a LFT, que têm um custo maior em momentos de crises. Mas o secretário garante que o governo não está “poupando” os investidores de riscos, está apenas sendo realista: se os investidores não conseguissem sair agora, essa porta estaria fechada.
-Damos um passo atrás, mas mantivemos a porta aberta para novas operações no futuro.
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