quarta-feira, março 01, 2006

Ações reagem à falta de surpresas

No Informe Econômico do JB de hoje
Os investidores da Bolsa de Valores apresentaram uma reação diferente à divulgação de resultados recordes neste recém-encerrado mês de fevereiro. Em algumas empresas, o anúncio de lucros elevados não foi seguido de uma valorização de suas ações no pregão, diferentemente do que ocorria em anos anteriores. É o que aconteceu, por exemplo, com Bradesco, Itaú e América Latina Logística (ALL). No dia em que anunciou lucro de R$ 5,5 bilhões obtido em 2005 - 80% superior ao de 2004 - o Bradesco viu o preço dos papéis caírem 2%, contra alta de quase 4% no dia anterior. No caso do Itaú, o resultado de R$ 5,2 bilhões - 37% maior que o verificado no período anterior - foi recebido com queda da ordem de 1,7% na cotação das ações. Já a ALL, que elevou em 90% seus ganhos, para R$ 170 milhões, registrou baixa de 1,6% na cotação de seus papéis, após divulgar seu balanço. O movimento contribuiu para a forte oscilação dos negócios na Bolsa no mês passado, junto com a tendência de realização de lucros liderada pelos estrangeiros. Para Gustavo Barbeito, analista da Prosper Corretora, porém, o fenômeno indica uma maturidade crescente do mercado acionário brasileiro.

- Atualmente, existem muitos analistas e instituições acompanhando o mercado brasileiro. A quantidade de informações disponíveis sobre o desempenho das empresas e as perspectivas para seus mercados cresceu de forma brutal. Assim, dificilmente um resultado, por maior que seja, tem surpreendido. Nos dias que antecedem a divulgação de balanço por alguma empresa, os investidores mais informados têm adquirido esses papéis na expectativa de alguma surpresa; quando essa surpresa não se confirma e os ganhos vêm dentro do esperado, eles optam por se desfazer dos papéis.

Segundo Barbeito, esse é um comportamento típico de mercados mais desenvolvidos, como o americano.

- É mais um sinal de que osso mercado está se profissionalizando cada vez mais, assim como o elevado número de companhias abrindo capital e a maior participação de pessoas físicas e investidores estrangeiros nos negócios. Tal movimento tende a se tornar ainda mais comum nos próximos anos.

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