Sexta-feira, quando se reuniu com o trio dirigente do tucanato (o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente do partido, Tasso Jereissati, e o governador mineiro, Aécio Neves), Alckmin deixou claro que não abria mão da indicação e atropelou sumariamente Serra, que hesitava entre o desgaste de abandonar a prefeitura paulistana - depois de ter prometido, em cartório, não fazê-lo - e o risco de ver seu espaço político restringido pela ascensão de novos nomes do partido, ao permanecer como síndico do município.
Contra Serra, pesava ainda o fato de que seu nome estava na disputa desde a eleição anterior, mas as intenções de voto, depois de atingir o ápice, vinham declinando. Seu teto era conhecido. O de Alckmin, por sua vez, é uma incógnita.
O que esperar de Alckmin no front econômico? Há incertezas, até porque o candidato não tem raízes no ramo. Mas a carta de intenções parece clara. Seu principal interlocutor para o tema é Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES na gestão FH, demitido na época do escândalo da privatização da telefonia. Mendonção, como é mais conhecido, torce o nariz para a turma da PUC-RJ, de onde saíram de Pedro Malan a Arminio Fraga.
A prioridade de seu possível programa econômico está nas reformas de caráter micro: ampliação da alienação fiduciária, para dar mais garantias às empresas em caso de inadimplência (leia-se retomada rápida de bens, inclusive a casa própria), simplificação da legislação tributária e reforma trabalhista. Tudo emoldurado pelos discursos da contenção de gastos públicos e, paradoxalmente, do foco no crescimento.
Até outubro, muito água vai rolar por debaixo da ponte. De qualquer forma, uma coisa é líquida e certa: o presidente que conseguir solucionar a equação com as variáveis o ''cinto apertado'' e ''expansão econômica'' tem tudo para ser considerado o estadista do século.
Do Informe Econômico do JB
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