Em seu terceiro pronunciamento em público, o chefão do Fed, banco central dos Estados Unidos, abusou dos jargões acadêmicos e deixou especialistas sem entender muito bem o que ele estava querendo dizer. A maioria achou que era um sinal de novas altas de juros, além das já esperadas. O dólar subiu (lá), o prêmio dos títulos do Tesouro disparou e economistas passaram a vasculhar com lupa os dados sobre inflação. Nos países emergentes, Brasil à frente, os estrangeiros reviram seus portifólios e parte dos recursos acabou sendo repatriada para os EUA, diante da perspectiva de maiores ganhos com ativos de risco (praticamente) zero. Resultado: a Bovespa caiu forte e o dólar (aqui) teve alta, depois de flertar com o patamar de R$ 2,10.
Bernanke sempre foi um defensor da transparência na condução da política monetária, mas tem sido incapaz de transmitir qualquer clareza. Seu discurso sobre a “curva dos juros” só serviu para confundir os mercados, que se ressentem das decisões “telegrafadas” pelo ex-presidente do Fed Alan Greenspan. A fatura desta turbulência semântica vai ser paga, como sempre, pelos emergentes – por mais que os famosos “fundamentos” brasileiros estejam mais sólidos.
Do Informe Econômico do JB
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